Em um mundo onde a civilização ruiu e a esperança é uma moeda escassa, poucos personagens carregam tanta complexidade quanto Isaac Dixon, o líder da WLF (Frente de Libertação de Washington) no universo de The Last of Us. Seja nos jogos ou na adaptação da HBO, Isaac representa o peso de comandar em tempos sombrios — onde não há escolhas certas, apenas as menos erradas.
O início: da FEDRA à rebelião
Antes de se tornar a figura mais temida em Seattle, Isaac era apenas mais um soldado dentro da rígida estrutura da FEDRA, a organização militar que assumiu o controle após o colapso da sociedade. Mas com o tempo, ele viu de perto o autoritarismo, a violência gratuita e os abusos cometidos contra civis — especialmente aqueles que apenas queriam sobreviver.
Foi aí que algo mudou. Isaac se rebelou.
Com carisma, inteligência estratégica e uma visão de um novo futuro, ele reuniu aliados e fundou a WLF — um grupo armado que inicialmente prometia libertar o povo da opressão. Mas a liberdade, como ele descobriria, tem um custo.
A WLF sob o comando de Isaac
A WLF, também chamada de “Lobos”, cresceu rápido. Em pouco tempo, dominou grande parte de Seattle, expulsando os últimos resquícios da FEDRA e estabelecendo sua própria ordem. Mas a liderança de Isaac, embora eficiente, também foi marcada por um traço inquietante: a frieza.
Isaac acreditava que a segurança vinha antes de tudo. E isso significava tomar decisões dolorosas — como a tortura de prisioneiros, execuções públicas e campanhas violentas contra os Serafitas, um grupo religioso rival que vivia em isolamento nas florestas.
Ele não era cruel por prazer. Era pragmático. E essa é a linha que torna seu personagem tão fascinante: até que ponto alguém pode justificar a brutalidade em nome da paz?
A relação com Abby e a velha guarda
Para quem jogou The Last of Us Part II, Isaac aparece em momentos cruciais da história de Abby Anderson, uma das protagonistas mais controversas da franquia. Isaac confia em Abby — ela é uma das poucas que vê além da fachada do líder e entende os dilemas que ele carrega.
Mas mesmo essa relação de respeito não impede confrontos. Quando Abby começa a questionar os métodos da WLF, vemos as rachaduras na liderança de Isaac. Ele, que antes parecia inabalável, revela dúvidas, medos e um senso de culpa que o humaniza.
Isaac na série da HBO: mais profundidade, mesmo impacto
Na série da HBO, Jeffrey Wright dá vida ao personagem de forma brilhante. Seu Isaac é calmo, introspectivo, quase filosófico. Mas seus olhos carregam peso — o peso de quem precisou abrir mão da própria humanidade para manter outros vivos.
A série aprofunda o passado do personagem, mostrando sua transição da FEDRA para a liderança da WLF com mais nuances. É um retrato de alguém que tenta fazer o certo, mesmo quando o “certo” já não significa mais nada num mundo devastado.
Um personagem que levanta perguntas, não respostas
Isaac Dixon é mais do que um vilão ou um herói. Ele é um reflexo do próprio universo de The Last of Us — cinza, doloroso, real. Suas escolhas, mesmo quando questionáveis, são compreensíveis dentro do contexto em que ele vive.
Ele nos faz perguntar: se você estivesse em seu lugar, faria diferente? Teria coragem de liderar sabendo que suas decisões custariam vidas? É esse tipo de personagem que transforma The Last of Us em uma obra tão marcante.
Conclusão: O legado de Isaac
Poucos personagens carregam tanta duplicidade quanto Isaac Dixon. Seu legado é controverso, mas impossível de ignorar. Em tempos de desespero, ele fez o que acreditava ser necessário — mesmo que isso custasse partes de sua alma.
E talvez seja isso que torna Isaac tão humano. Ele nos lembra que, em um mundo sem luz, até mesmo os líderes precisam andar às cegas.